Deitada, cabeça sobre o braço do sofá, você pedia para por as pernas sobre meu colo. Eu, sentado ereto.
Oh! Saia minúscula que eu podia entrever imaginando embaixo desse cobertor tão fino e pequeno que nos cobria! E se o cobertor cai, meu Deus? Não tem medo de ela, a saia, estar já na cintura? E se sinto tuas coxas nuas sobre meu jeans? Como pode sua ingenuidade de menina chegar a tal ponto?... Chega?
Eu, trêmulo, trêmulo, torço para que você não perceba. Sou eu o menino controlando a tentação.
Você, toda saída, distraída, risonha e alheia, pede que eu relaxe, por que não aprumado? Toda alegre, consegue prestar atenção ao filme. Eu, só em você:
Nas suas pernas que de vez em quando se mexem sobre meu colo,
E a saia que subia
E você que não ligava
E o cobertor que quase mostrava
E eu que tentava
Desesperadamente, doloridamente me controlar – não ia te desrespeitar assim!
Me olhando com o canudinho da coca ainda no cantinho da boca pedia que fosse mais natural. Por que tão sério? Por que tão tenso? Por que respiração tão ofegante?
Você não percebia? Não percebia que sua calcinha era vermelha? Que suas coxas eram macias? ... e branquinhas e macias? Não percebia que sua saia era agora quase imperceptível?
Encontro uma desculpa qualquer, saio, coração bate-bate, corpo trêmulo, tenso e teso. Seu olhar debochado (debochado, meu deus? Ajuda a discernir!) a contemplar meus passos atrapalhados: um bêbado em uma passarela de moda.
No banheiro, soco três vezes a pia, quatro a parece e dou cinco bofetadas no meu rosto. Os olhos de predador no espelho me assustam. Penso em sair correndo, mas como deixá-la sozinha sendo que a casa é minha?
Respiro fundo cinco vezes e retorno à sala onde... oh, meu Deus!
Sua saia toda amarrotadinha no chão!
Desconforto, você explica, qual o problema? Afinal de contas estou em baixo do cobertor...
Com que tremores sentei novamente naquele sofá? Com que respiração? Como fixar os olhos na tela? Como controlá-los os cantos? Maldita visão periférica e criativa! Maldita saínha toda amarrotadinha, toda pequinininha no chão!
* * *
Você diz que desse jeito eu vou quebrar o braço do sofá de tão longe espremido no outro canto. “Vem aqui mais pertinho de mim.” Devo ser a presa, não o predador! Mas, não, não pode ser! Te conheço, te conhecia, você... não, não! Mas, por mais perto? Por que encostar suas coxas em meu colo? Você não percebe que meu braço ficou em baixo do cobertor? Não sente minha mão nervosa toca-não-toca o começo de sua bundinha? É impossível que não note meu estado. E se com as pernas nota, por não me manda me afastar? Por que persiste, pressão contra pressão? Por favor, não se ajeite assim...
Mas você me olha, esse sorriso... Pode ser verdade? É verdade? Tem que ser verdade! Sua mão não é ambígua, não dá margem para dupla interpretação!
Explosão