Naquela noite eu só queria andar sem destino, sem caminho... E lá estava eu... andando pelas ruas da cidade sem saber e sem querer saber o que viria pela frente. Estava só, como em todas as noites, mas nessa noite eu me sentia especialmente solitário, talvez pelo frio daquela escura noite de Lua Nova eu podia querer alguém que me aquecesse e que pudesse me fazer feliz por alguns momentos.
E a cada esquina, eu via novos rostos, novas vidas... E me sentia triste por existir, me sentia triste... Sempre procurava um olhar que ninguém nunca me daria, um olhar profundo que significasse algo mais do que um simples olhar... Eu só queria esse olhar...
E andei, andei... Até cruzar meus olhos com os daquela morena de pele clara e olhos escuros. Nossos olhos se cruzaram e vi seu sorriso maroto me mostrando que alguém podia ser feliz e vi que ela sorria pra mim... Cheguei perto dela e vi em seus olhos como nossas almas já estavam próximas, me aproximava cada vez mais e nossos olhos não tinham vergonha do que faziam...
Passaram-se minutos e já não estávamos mais naquela rua, mas sim num quarto qualquer de uma suja pensão. Naquele momento, eu só queria a ela e ela só queria a mim... Éramos dois e ao mesmo tempo um. Despidos de qualquer luz, de qualquer vida, de qualquer roupa, ainda nos entreolhávamos. Nos beijamos, nos deitamos... Agora éramos um único ser (vivo). Nossas mãos perdidas acariciavam um ao outro num momento qualquer. Penetrei-a com olhos nos olhos, de maneira qualquer... enquanto nos lambuzávamos de amor, calor e prazer.
A noite acabara, os raios de sol já entravam por entre as frestas das cortinas e eu, ainda de olhos fechados, procurava o seu peito para poder me aconchegar e não achei... Eu só queria uma carícia (ou um amor verdadeiro) e ela não me deu...
