Acordei no dia seguinte à nossa primeira vez com uma sensação ótima e ao mesmo tempo de apreensão. Ele não vai mandar notícias. Vai ter uma ressaca moral e vai embora daqui a alguns dias sem dizer mais nada. Fiquei na cama ainda pensando em tudo que aconteceu na noite passada. O gliter que teimava em não sair parecia que era uma materialização do cheiro dele em mim, do seu toque, do seu pau dentro de mim. Não queria perder aquela sensação. Acho que por isso tinha até pena que o gliter saísse com o banho. Queria que o brilho dos meus olhos depois daquela noite ficassem disfarçados, mas era difícil. Principalmente depois de receber a primeira mensagem dele. Foi o primeiro sinal de que não seria a última vez. Começamos a conversar por mensagens, assuntos diversos, por vezes um pouco enfadonhos. Estávamos queendo a mesma coisa, mas à espera que algum desastre sobrenatural acontecesse pra impedir aquela força que nos aproximava cada vez mais. "E o que a gente vai fazer hoje", ele pergunta. "Não sei, o que você sugere?". Duas perguntas desnecessárias pois ambos sabíamos o que realmente queríamos. Depois de falar de cinema, livros, séries até esgotar quase assunto, ele pergunta novamente o que vamos fazer... Essa é uma pergunta recorrente que tomou outros sentidos ao longo da nossa pequena mas longa e intensa história.
Fui pegá-lo no hotel muito sem graça, sem saber como cumprimentá-lo. Ia dar um beijinho na bochecha quando ele me deu logo na boca. Até hoje na verdade nenhum de nós sabe ao certo o que aconteceu porque ambos achamos que foi o outro que tomou essa iniciativa. Talvez estivéssemos ruins de mira. Pensamos em beijar a bochecha e erramos o alvo.
Passeamos de mãos dadas, levei-o a alguns lugares, mas o lugar que mais queria era mesmo dentro de quatro paredes, libertando toda aquela vontade que ficou adormecida há anos. A segunda, terceira, quarta vez foram sempre intensas, como se fossem a primeira vez. A vontade que tínhamos um do outro não acabava, parecia uma droga. Quanto mais tínhamos, mais queríamos. Não era só sexual, pra mim, era necessidade do seu corpo e alma. O meu corpo já estava entregue, a minha alma já estava perdida. Fu criada na igreja católica, segui sempre tudo à risca e ali estava eu cometendo vários pecados ao mesmo tempo. É fácil julgar de fora. Eu estava cegamente apaixonada mas não queria admitir. Só quando ele, de repente, me disse abertamente que estava louco apaixonado por mim é que senti uma abertura pra também admitir e poder aproveitar aqueles momentos com menos restrições. Confesso que não acreditei quando ele me disse, achei que estivesse falando da boca pra fora só pra me iludir. Mas eu já estava iludida.
Estava experimentando coisas que nunca tinha experimentado, inclusive a ligação que nós tínhamos eu não tive com o meu ex-marido nem os poucos namorados que tive na minha vida. Estava entregue. Se fosse arder no inferno, que ardesse de paixão primeiro.
Todos os dias daquela semana, eu contava as horas para o final do expediente e ir correndo me encontrar com ele. A nossa química "bateu" desde o início. Não houve adaptações, apenas houve mudança de nível ao longo do tempo. No início eu estava mais retraída. ele tentava outras posições, mas eu tinha receio. Se vendo o seu pau na minha frente já tinha que me preparar psicologicamente pra ser metida, imagina por trás! Por falar nisso... ele ainda tem planos de comer o meu cuzinho. Terreno inexplorável. Nunca pensei em abrir para visitações, mas com ele é diferente, desde o início. É uma entrega e uma sinergia que esses tabus ficam pra trás, apenas fazendo volume num artigo de revista.
Foram dias maravilhosos, inesquecíveis. Não queria pensar na sua ida. Eu me contive pra não chorar na sua frente. Na nossa última noite, ele me deu uma pulseira de presente de aniversário que não tiro do meu braço. Uma pulseira com pedras verdes, da cor de São Patrício.
No dia seguinte, fui levá-lo ao aeroporto. Ele me deu uma carta nesse dia assinando "do seu Tomás". Foi um trajeto doloroso, queria que o vôo atrasasse, cancelasse, não queria chegar até lá. Mas tinha que ser. O seu dever tinha sido cumprido aqui. Eu só esperava que eu não tivesse me tornado um "dever cumprido" também e ser largada. Mas o que eu podia pedir? Só podia pensar, sonhar. O nosso cheiro ainda estava impregnado no outro e eu queria que continuasse assim. Fiquei com uma camisa sua, com o seu cheiro, na esperança de vê-lo em breve...
Cecília e Tomás - O (re)encontro
Cecília e Tomás - 5. Testando limites
Cecília e Tomás - 6.Reviravolta